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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Abraço Invisível

Tinha muleta e bengala
Em que me apoiava.
Elas, eram meus pais...
Hoje, elas não existem mais.

Na muleta e na bengala
Apoiei toda uma vida.
Vida de certezas e incertezas.
Vida de calma e asperezas...

Nessas; elas, foram machucadas
Ficaram velhas, descascadas...
Ao invés de consertá-las
Mais as usava.

Quando a muleta perdi
Na morte de meu pai;
Agarrei-me a bengala querida,
Ou seja, aquela que me deu a vida.

Ela, mesmo gasta,
Agüentou as derrocadas
Às quais
Eram por mim, colocadas.

O tempo é cruel.
As conseqüências do fel
Levou-a ao mesmo fim,
Da muleta em mim...

Caminhando de quatro
Perambulava pelo quarto.
Comia do que no chão, tinha.
Agora, era assim minha vida.

Olhando o vazio à volta
Senti que mesmo nesta hora
Ali, alguém existia.
De cócoras, esperava a mão amiga.

Os dias, os meses se passaram.
As dores nas pernas, intensificavam.
Já não conseguia me levantar;
Deitei-me deixando o tempo passar.

A morte, já era minha companheira,
Conversávamos todo dia.
A esperança havia sumido,
Esperava a morte, sorrindo...

Mas alguém tinha outro plano,
Me olhou com olhar santo.
O passado, não levou em conta.
Então, me tirou da lama...

Foi rápido e certeiro
Modificou-me por inteiro.
Num invisível abraço
Senti o amor de cristo!

Hoje, não preciso de muleta ou bengala.
Tenho um relacionamento de amor
Com meus pais falecidos.
Um amor que no peito; cala.

Descendo da cruz;
Como morreu, ressuscitou Jesus
A fim de com os braços abertos
Dar um abraço invisível; nos perdidos!

(Serezeiro)
serezeiro@hotmail.com
serezeiro@yahoo.com.br

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